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10 Dicas para aguçar a criatividade

Atualizado: 30 de mar. de 2018

Escrever é um trabalho de esforço contínuo, mas quando a criatividade está à flor da pele é muito mais fácil



Tudo bem, roteirista profissional não pode depender sempre das lufadas de inspiração para escrever. O audiovisual tem prazo, e quando o chicote estala no seu rabo você tem que se sentar na cadeira e digitar até o dedo sangrar. Sempre defendi que esse papo de bloqueio de escritor é caô de quem não é profissional. Não porque não exista - ele existe e é uma coisa tétrica -, mas porque estar com bloqueio de escritor não é uma desculpa factível para furar um trampo.


bloqueio de escritor não é uma desculpa factível para furar um trampo

Mas, como todo escritor, sei que quando a criatividade está pulsando, quase suando de você, é muito mais fácil parir aquele argumento de 30 páginas ou aquele diálogo fodão. Para evitar o bloqueio e deixar sempre minha criatividade no ponto, costumo seguir alguns rituais:


1. Crie rituais de entrada no seu universo ficcional


Eu toco vários projetos simultâneos e divido meu tempo entre publicidade e roteiro. Para entrar no roteiro que vou escrever eu preciso entrar no clima do universo ficcional que vou explorar. Quando é série, geralmente começo lendo a bíblia. Quando é longa, dou uma olhada no meu material de pesquisa. Aí eu leio o que escrevi no dia anterior, dou uma polida e já é.


eu preciso entrar no clima do universo ficcional que vou explorar

2. Crie um amuleto do seu projeto


Esta dica eu aprendi com o Vik King no maravilhoso How To Write A Movie In 21 Days. Escolha um objeto que seja a síntese da sua trama. Uma coisa simples, mas que tenha uma carga emocional forte. Em Rainha de Espadas, a minha série policial, eu tenho uma moeda oficial comemorativa das Olimpíadas do Rio que ganhei num dia em que tinha que escrever um episódio e estava travado, aí me marcou e sempre que vou escrever o Rainha eu fico rodando essa moeda nos dedos. Num musical que escrevi eu tinha em mãos uma baqueta de bateria. Esses pequenos objetos são gatilhos de criatividade e sempre funcionam.


3. Crie uma rotina de escrita, com horários fixos


Por mais que seu dia seja ocupado com outra atividade, especialmente para aqueles que ainda não ganham a vida escrevendo, estruturar uma rotina diária de escrita, preferencialmente no mesmo horário, é essencial. Cria hábito e disciplina. Mesmo que seja só uma hora por dia, nunca fure. É como se fosse outro trabalho com horário fixo. Porque, na real, é mesmo.


pequenos objetos são gatilhos de criatividade

4. Execute tarefas repetitivas e simples


Lavar louça, caminhar na praia ou qualquer outra tarefa que não te exija pensar demais pode funcionar como uma "meditação forçada" e despertar a criatividade. Lavar louça ou cozinhar é matador. Quando tudo trava eu vou pra cozinha. E ainda ajuda a manter a casa civilizada.


5. Converse com as pessoas


E não falo de pessoas que você conhece. Falo de completos estranhos. Eu sou daqueles que puxa papo com gente em fila de mercado, na praia, às vezes até vou a banco só para conversar com pessoas. Uma conversa desavisada traz sempre novas ideias, uma nova maneira de falar alguma palavra, uma expressão engraçada que cabe perfeitamente naquela personagem que não está muito definida. Ouça os sons da diversidade à sua volta.


ouça os sons da diversidade à sua volta

6. Escreva sobre o que você conhece ou sobre o que você vive


Isso pode parecer idiotice, mas escrever sobre algo que você vive torna a escrita mais fluida. Há idades que combinam com determinados temas. Veja bem, não falo de escrever sobre sua vida. Mas, se você for um cara de 20 e poucos saindo da faculdade, escrever uma história de terror sobre alguém que está sozinho provavelmente está muito mais ligado à sua realidade - a solidão de um novo emprego, de morar sozinho pela primeira vez, de abandonar seu círculo de amizades - do que pra mim, que tenho 41 e quatro filhos e praticamente não sei mais o que é solidão. Assim como escrever sobre a chegada da morte, para mim que já estou vivendo o drama de perder vários amigos de morte natural, é muito mais forte do que para um jovem de 25 anos. Depois vou fazer um post específico sobre isso.


7. Procure compreender outros pontos de vista sobre algo que você acredita


Clichê é uma merda. E o clichê geralmente surge quando você tem uma imagem estereotipada de algo. Se você quer escrever sobre um policial violento, você tem que entender as motivações reais que levam um policial a ser violento. Em Tropa de Elite (o primeiro, que sempre achei mais redondo do que o segundo) tem uma fala do Capitão Fábio que detona completamente o clichê do policial corrupto: "Porra, Neto, eu ganho quinhentos conto por mês!" De repente aquele corrupto mau caráter virou um cara que arrisca a vida o tempo todo, ganha um salário de fome e tem uma família para sustentar. Mata-se o clichê e o personagem fica mais crível e próximo.


o clichê geralmente surge quando você tem uma imagem estereotipada de algo

8. Pesquise muito


A pesquisa séria adiciona conhecimento e familiaridade com o universo que você está criando. Seja qual for o projeto, pesquise. De repente aquela informação curiosa que você encontrou numa tese de mestrado perdida na Internet vira o seu break into three. Isso já aconteceu comigo.


9. Dê tempo ao ócio


Trabalhar demais é obrigação de todo escritor, o mercado é competitivo e quem é preguiçoso se fode. Mas a vida também é feita de pausas. Se você não descansa, não dedica alguns momentos ao ócio, a criatividade seca. Vá assistir um filme, dar uma trepada, tomar uma cachaça com quem você gosta e deixe sua mente fresca. Às vezes o melhor que você pode fazer pela sua escrita é não escrever.


10. Medite para espantar os problemas


Problemas do cotidiano - contas, trabalho de faculdade, as notas merdas dos seus filhos na escola, a briga com o namorado babaca - existem e sugam a criatividade. O pulo do gato é saber que os problemas se resolvem apenas no tempo deles e que você não pode levar essas encrencas pra dentro da sua escrita. Até porque o tempo que se leva para resolver um problema pessoal nunca é o prazo do Rio Content Market. Então, cara, dá uma meditada, deixe seus problemas do lado de fora do seu escritório ou então os use como matéria prima dos seus escritos. Não deixe a espiral da vida te puxar pro meio do tornado, senão você se fode. Respirar pausadamente, sentar em lótus, meditar de verdade não é coisa de hippie: funciona pra caralho, serena a mente e aguça a criatividade.


o tempo que se leva para resolver um problema pessoal nunca é o prazo do Rio Content Market

Quer saber mais? Não deixe de ler estes posts:


- Livros que todo roteirista deve ler (essencial para iniciantes!);

- Como se tornar um roteirista (para quem quer fazer transição de um hobbie para uma profissão);

- 10 mandamentos do roteirista para ter trampo a vida toda (para quem quer se manter trabalhando na indústria, independente de crises passageiras).


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